sexta-feira, 15 de maio de 2009

Grotinha

Havia por ali um boi Rufo bravo que, se vosmecê adiantasse perto dele, de bicho virava o demônio. O boi era-se corpulentão averiguado; e o Rufo era o homem pregado em cima dele: deste bravo era só chegar pertinho do bicho pra saber. Numa mão trazia um jarro colorido de azul; enquanto na mão esquerda endireitava uma lançona grossa com a ponta afiada. Parecia uã assombração.

Predispus eu em um dia ir conhecer. Cê vira ali na ponte funda depois do córrego Bucuri; onde vosmecê ver umas cerca de gado Nelore, vai seguindo, vai seguindo... De lá de cima cê avista uã grota escura; um buraco mesmo; lá embaixo é a moratória dele: Boi Rufo Bravo.

Mas ói: o povo daqui já se acostumou em num ir lá não! É perigo e ninguém mais conhece... Vai?! Vai mesmo! Tão vai, uai. Trem doido...

Corre demais, desengonçado demais. Vai até é o capeta;

Ôu! Peraí. Já vórto. Anota aí o telefone da sua mãe, da família... Isso, agora vai com Deus e devagar.

Ali, na grota!


Fernando Aquino

Um comentário:

  1. nossa! levei um susto...tem um Rufo Herrera de OP q é musico..ele musicou obras do Guimarães Rosa...procurem...

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